as minhas coisas favoritas, e outras que não o são, pois nem sempre se tem o que se quer
my favourite things, and others that are not, as we don't ever get what we want

2008/03/10

divina providência / divine providence

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acho que toda a gente que por aqui passa e me conhece sabe o quanto eu sou um rapaz avesso a deitar tralhas fora, pior, tenho a tendência a recolhê-las
prova disso são os filmes e o rothko da josefa, os velhos mac's do francisco, já para não falar do ainda mais velho azulejo de casa dos avós dele, a cama da ana, o sofá que antes da ana era da rosa, os frascos e os cinzeiros da mãe da sílvia, as tralhas do museu, etc, etc
também é sabido as fortunas gastas em revistas ao longo de anos (recentemente em período de calmia, abençoada crise financeira) e o quanto elas entram mas nunca saiem

ontem à noite ao regressar do cinema encontrei nos degraus da entrada do meu prédio um conjunto de tralhas deitadas fora numa atitude muito urbano-new-yorkina de "leva-quem quiser" (em vez de pura e simplesmente colocadas no caixote do lixo do prédio)
por isso podem imaginar a minha alegria quando, neste conjunto, os meus olhos cairam na capa de uma antiga interview, para imediatamente descobrir ser, na realidade, uma pilha delas

i think that everyone that comes here and knows me knows how much i'm a boy contrary to throw away things, worst, i have a light tendency to collect them
proof are the films and the rothko of josefa, the old mac's of francisco, and the even older tile from his grandparents house, the bed from ana, the sofa that before ana was from rosa, the cookie and glass jars and old ashtrays from sílvia's grandmother, the junk from the museum, etc, etc
it's also known the fortunes spend on magazines (lately in a calm period, thanks to the finance crisis), and that they enter but never go out


yesterday, coming back from the cinema, i found on the steps of my building a pile of abandoned junk in a very new-york-urban attitude of "take-if-you-want" (instead of just putting it in the building dumpster)
so you could imagine my joy when i noticed the cover of an old interview magazine, to immediately discover that, in reality, it was a bunch of them






no total eram 19, sendo a mais velha de maio de 1983 (chris atkins na capa, sendo entrevistado pelo próprio warhol) até à mais recente datada de 1993
algumas já tinha, outras nunca as tinha visto (comecei a comprar a revista em meados de 80's com maior ou menor frequência)

por isso venho aqui agradecer à divina providência do altíssimo por esta graça concedida (com altíssimo, na realidade, acho que me estou a referir aos simpáticos rapazes do terceiro esquerdo)

on total there were 19, the oldest from may 1983 (chris atkins on the cover interviewed by warhol himself) until the most recent from 1993
some of them i had already, others i've never saw (i began to buy the magazine in the mid 80's, in a more or less regular way)


so i'm here thanking the higher divine providence for the given favor (by higher, in reality, i think that i'm referring the nice guys from the third left)

3 comentários:

Francisco disse...

Está na cara que tens que te fazer convidado para um chá na casa do altíssimo. E depois convida-os para irem ver a tua colecção de lego. Sempre ajudam a carregar a tralha da casa deles para a tua!!!

Na impossibilidade de fazeres uma marquise (essa instituição arquitectónica), não será má ideia começares a pensar em construir um anexo (essa outra instituição arquitectónica) para te mudar para lá.

Cláudia disse...

O Francisco está certíssimo!
Tens mesmo que conhecer os rapazes. Quantas outras tralhinhas podem ir directamente para o saco do lixo... Mais importante ainda o facto de poderem serem pessoas com bom gosto, ou boas pessoas...
Quanto aos legos... não me parece bem!
O anexo também não resulta. Fica cheio em pouco tempo...
Cláudia

do Ó Pires de Sousa disse...

caros amigos
obrigado pelos vossos bons conselhos

vou mesmo mas é pôr avisos nas caixas de correio de todo o quarteirão, não vá ter-me enganado, e andar a perder tralhas de outras casas

mas como ontem a crise foi grande quando comecei a ler na net sobre compulsive hoarding (http://en.wikipedia.org/wiki/Compulsive_hoarding) e casos como o dos irmãos collyer (http://en.wikipedia.org/wiki/Collyer_brothers)
quando só procurava a definição de pack rat, comecei logo a arrumar coisas e a deitar fora papéis.
hoje quando o carteiro tocou e me entregou um pacote de livros vindos do IAC (instituto açoriano da cultura) e ao descobrir que na realidade nenhum me interessava lá muito, fui mais rápido que o normal, e já os entreguei na biblioteca da universidade à tarde, mais uns que aqui tinha e que achava que não tinham interesse para lá , foi tudo!!

quanto aos moços, são simpáticos sim senhora, e bons rapazes ou rapazes bons, conforme o ponto de vista, e pela literatura têm bom gosto sim senhor.
quanto aos legos, chico, talvez não seja a melhor abordagem!

quanto às instituições arquitectónicas, é melhor ficar onde estou mesmo estando cheio que mais metro quadrado era questão de meses.